Especialista em psicologia pré e perinatal, Manoel Augusto Bissaco explica como gestos simples durante a gravidez podem transformar a relação entre mãe e filho
Criar laços com o bebê começa muito antes do nascimento. Para Manoel Augusto Bissaco, terapeuta integrativo e referência em psicologia pré e perinatal no Brasil, cada gesto da mãe durante a gestação comunica amor e segurança. “O bebê não espera nascer para começar a sentir. Ele percebe o mundo pelas emoções da mãe, pela forma como ela se relaciona consigo mesma e com a vida. Esse vínculo inicial é um dos maiores presentes que se pode oferecer a uma criança”, afirma o especialista.
A seguir, Manoel lista cinco formas de fortalecer essa conexão ainda na barriga.
1. Conversar com o bebê
“O bebê escuta a voz da mãe, sente a vibração, a entonação e a emoção que vêm junto com as palavras. Quando a mãe conversa, canta ou até lê em voz alta, ela está oferecendo ao bebê uma mensagem clara de presença e amor. Essa prática ajuda a criança a reconhecer a voz da mãe após o nascimento e cria uma sensação precoce de pertencimento.”
2. Tocar a barriga com carinho
“O toque é uma linguagem universal. Quando a mãe acaricia a barriga, o bebê sente esse movimento como um gesto de acolhimento. Esse contato físico cria um campo de afeto que será lembrado pela criança no corpo, ainda que inconscientemente. O bebê aprende, desde cedo, que existe um lugar seguro onde ele é amado e protegido.”
3. Praticar exercícios de respiração e relaxamento
“A respiração consciente ajuda a mãe a controlar a ansiedade e a regular o corpo. Quando ela respira profundamente e se acalma, o bebê sente imediatamente essa mudança. É como se o útero se transformasse em um espaço de paz. A respiração é um convite para que a mãe e o bebê compartilhem um momento de tranquilidade, o que influencia diretamente na saúde emocional de ambos.”
4. Ouvir músicas suaves
“A música é uma ponte poderosa entre mãe e filho. Sons harmônicos e melodias tranquilas ajudam a relaxar a gestante e também chegam até o bebê. Quando essa prática é repetida, o bebê passa a reconhecer aquelas músicas como parte de um ambiente seguro. Muitas vezes, após o nascimento, a mesma música pode acalmar a criança, porque ela já carrega essa memória afetiva.”
5. Permitir-se momentos de introspecção
“A gestação é também um tempo de olhar para dentro. Quando a mãe reserva momentos para se conectar consigo mesma, refletir sobre sua história e acolher suas próprias emoções, ela cria espaço para receber o bebê de forma mais plena. Essa introspecção fortalece o vínculo porque transmite ao bebê a mensagem de que ele é desejado e bem-vindo, dentro de um ambiente emocional equilibrado.”
Para Manoel Augusto Bissaco, a gestação deve ser entendida como um processo de vínculo e não apenas como preparação física para o nascimento. “Estar grávida é mais do que gerar um corpo. É gerar uma relação. Cada gesto, cada palavra e cada respiração consciente são sementes de afeto que florescerão na vida da criança. A maternidade começa no ventre e essa conexão é para sempre.”